quarta-feira, 27 de abril de 2011

Ciclo de Seminários em Antropologia



Ciclo de Seminários em Antropologia

26
abr Resumo: Perspectivas Várias da Nutrição: Da Antropologia Biológica às Naturezas Mortas

ABRIL:
Dia: 26/04 (terça-feira)
Horário: 16h

Palestrantes: Caroline Fernandes Caromano & Leandro Matthews Cascon - Ênfase em arqueobotânica
Título: A Alimentação na Amazônia Vista a Partir da Ênfase em Arqueobotânica de Macro e Micro Restos Vegetais.

MAIO:
Dia: 03/05 (terça-feira)
Horário: 16h
Palestrantes: Ariana Silva & Hilton Pereira da Silva – Ênfase em Evolução Humana
Titulo: Evolução Humana e os Processos de Nutrição

Dia: 10/05 (terça-feira)
Horário: 16h
Palestrantes: Maura Imazio & Denise Schaan – ênfase em Arqueologia
Título: Imazio, M. Cardápios da Pré-História
Título: Schaan, D. Alimentação e Nutrição na Amazônia Pré-Colombiana

Dia: 13/05 (sexta-feira)
Horário: 16h
Palestrantes: Luzia Gomes Ferreira & Rosângela Marques de Brito – Ênfase em Museologia
Título: Artes Visuais, Museus e Alimentos: a comida como tema da arte e dos museus

Dia: 17/05 (terça-feira)
Horário: 16h
Palestrantes: Elton Vinicius Oliveira de Sousa & Hilton Pereira da Silva – Ênfase em Ecologia Humana
Titulo: Envelhecimento Saudável Frente a Transição Demográfica e Epidemiologica na Amazônia.

Dia: 20/05 (sexta-feira)
Horário: 16h
Palestrantes: Francisca Alves Cardoso – Ênfase em Antropologia Biológica
Titulo: Paleopatologia: Entender a alimentação através dos ossos e dentes

Dia: 27/05 (sexta-feira)
Horário: 16h
Palestrantes: Francisca Alves Cardoso & Flávio Abreu – Ênfase em Primatologia
Título: Alves Cardoso, F. Em volta da Fogueira: Entender o comportamento dos primatas não humanos com base na sua alimentação.
Titulo: Abreu, F. Imaginários Urbanos e Paisagens De Evasão: reflexão acerca das
interações entre humanos e não-humanos

Dia: 31/05 (sexta -feira)
Horário: 16h
Palestrante: Francisca – Seminário de Conclusão.
Título: Perspectivas Várias da Nutrição: Da Antropologia Biológica às Naturezas Mortas.


http://www.ppga-ufpa.com.br/

http://www.ppga-ufpa.com.br/noticia/detalhe/ID/23

sábado, 23 de abril de 2011

Políticas Públicas e Gênero

As Políticas Públicas que discutem "Gênero" são ações afirmativas que desencadeiam uma série de informações, processos, atitudes e mudanças de comportamento que historicamente foram relegadas "à segunda ordem", mas que, entretanto, hoje moldam a paisagem de um movimento que é feito "de mulheres", "para as mulheres", "pelas mulheres" e que formam, desse modo, um "modus operandi" diferenciado, qual seja, o de uma maior sensibilização da sociedade na luta cotidiana pela inclusão da mulher em todos os campos de atuação social quer seja na educação, saúde, sistema jurídico, político, econômico e cultural do país, para que, finalmente, a "igualdade" possa ser uma doce realidade.
A campanha "Quem Ama Não Mata" é um sintoma desse movimento. Um alerta. Uma "bandeira" que deve ser hasteada diuturnamente com o intuito de dirimir os índices de violência doméstica no Brasil e também com o dever de dividirmos informações sobre as "táticas" de combate a maus tratos, assédio moral e físico, ao machismo, ao racismo - institucional e declarado - e a todas as formas de opressão e tolhimento social da liberdade humana.
O exercício da cidadania de cada uma de nós, mulheres, na busca de direitos, especialmente, dos direitos ao acesso à saúde da mulher brasileira e sobre o seu corpo, é um longo caminho que, com alguns resultados iniciais, como: Campanhas de Prevenção do Câncer de Mama e Colo, HIV, Anemia Falciforme, Sífilis, etc., Assistência à Saúde da Mulher nas redes municipais e estaduais, entre outras, podemos considerar que o debate e a crítica social tem um papel fundamental nessas ações, ainda que incipientes, contudo, o "modelo" de assistência precisa de muito trabalho pela frente...
Numa recente pesquisa sobre a Saúde da População Negra no Brasil observei que existem protocolos, manuais, folders educativos, campanhas, livros e ações em saúde para negros e negras no Brasil, mas que as pessoas ainda tem dificuldade de "falar a respeito" de sua "cor", de sua "raça" e de "status quo" imposto socialmente, não por "medo" ou "receio" propriamente dito, mas porque, simplesmente, "nunca se discutiu" ou, quando se discute, os círculos são restritos, ou seja, não abrangentes como em escolas, universidades, comunidades, hospitais, igrejas, trabalho...
O que se quer e o que de fato necessitamos é falar a respeito dessas políticas e atitudes, sobre o racismo à brasileira (Roberto DaMatta), sobre a violência e sobre os processos de humanização que precisam ser implementados de forma eficiente para que as pessoas tenham uma participação política e social como direitos garantidos e discutam Sexo, Sexualidade e Gênero "sem medo de ser feliz"...

Texto: Ariana da Silva.
Foto de Inara Cavalcante: Ariana, D. Raimunda e Joana Carmem, "em campo", no VI Encontro de Mulheres Negras Quilombolas do Estado do Pará, Município de Acará.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

A Saúde da População Negra


A Saúde da População Negra é um problema de saúde pública que deve ser levado em consideração nos processos de Gestão de Políticas Públicas como um princípio de garantia do direito à vida e a oportunidade de igualdade das ações em saúde que o Estado brasileiro garante por meio do SUS - Sistema Único de Saúde.
O tema deve ter um expoente amplo de discussão para que possamos compreender quais as medidas que o Governo - regional e nacional - tem tomado para que a população que se autodeclara negra tenha acesso diferenciado, eficaz, real, imediato, urgente e participativo sobre os riscos, superação das desigualdades e também informações em saúde que são garantidas por Lei, como a Lei 8080/90 que envolve o SUS e seus princípios de gestão, organização e cobertura em saúde aos cidadãos e cidadãs brasileiras.
A referência à Saúde da População Negra é uma evidência por se tratar de um processo que, além de ser "histórico" é "político", que necessita de "humanização" e de uma participação maior desse grupo para que o empoderamento sobre a saúde seja algo palpável, de maior proximidade e que tenha um retorno preventivo e não apenas curativo, como ainda hoje é a política de saúde do SUS.
A "Saúde para Todos" deve começar com a identificação dos sujeitos para que a abrangência consiga envolver realmente, todos os grupos, por assim dizer.

Texto e Foto: Ariana da Silva

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Racismo e o Sexismo


O racismo e o sexismo na sociedade brasileira são práticas cotidianas que merecem um caminho de debates em sala de aula, no trabalho, nas igrejas ou nas casas de santo, nos sindicatos e em toda a esfera da estrutura social e política de um país que historicamente tem velado as diferenças com o discurso de "igualdade" sem precedentes, esquecendo que o "ser diferente" é a justa medida que equivale ao "compreender" o que está imposto, qual seja, a desigualdade sociorracial.
O Estado brasileiro é o responsável por engendrar as políticas, ações, medidas e atitudes que sejam capazes de gerir ao público, que deseja uma plena cidadania que os mecanismos de inclusão social sejam um fato, conforme o discurso oficial, não apenas enquanto discurso, mas, principalmente, como medidas eficazes que, em primeira e última instâncias, garantam a aplicabilidade de políticas públicas, por assim dizer.
Desse modo, os movimentos sociais em defesa do negro e da negra, do/a indígena, da mulher - branca, negra, mestiça -, dos trabalhadores e cidadãos em geral devem ser ouvidos, assim como participar das ações estatais como sujeitos de suas reivindicações para que uns não sejam "mais iguais do que outros", mas, pelo contrário, que sejamos diferentes enquanto um direito identitário, mas iguais, enquanto um direito político, que é, realmente, de todos e todas.

Texto e Foto: Ariana da Silva - Mulheres/Quilombolas, Acará, Pa.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça


Estabelecer vínculos públicos com os Movimentos Sociais é uma forma de "sair do gabinete" e atuar "na base", em contato direto com as pessoas que fazem as manifestações e reivindicações por garantia de direitos e conhecer o seu "gerenciamento", por assim dizer, é criar a possibilidade de atuar "de corpo presente" nos processos de resistência social e política propriamente dita que almejam a igualdade de direitos jurídicos e sócio-econômicos que são garantidas por Lei, mas que, no entanto, é a partir das etapas da Gestão e de Inclusão de Direitos por meio da Luta Social cotidiana que, certamente, os desejos e ações pela Dignidade Humana serão alcançados coletivamente.
Implementar políticas públicas de caráter "minoritário" ou de "inclusão social" em nosso país é uma tarefa árdua, reticente e de muito esforço coletivo em qualquer instância, especialmente "de cotas", de "mulheres", de "orientação sexual" e assim por diante.
Os movimentos sociais que envolvem negros e negras, quilombolas, mulheres, homossexuais, professores e professoras por melhorias salariais e de infraestrutura, trabalhadores rurais e urbanos, ambientalistas, estudantes e demais segmentos costumam enfrentar os ditos "boicotes" de implementação de suas políticas caso não estejam, por exemplo, atrelados a alguns "partidos políticos", caso não façam "lobby" em "centros de excelência" das demandas sociais (legislativo/administrativo), caso não participem das "relações de poder" de determinadas Secretarias, Coordenadorias ou Ministérios, ou mesmo, sofrem impedimentos jurídicos, econômicos, sociais e de poder, propriamente ditos por simplesmente constituírem o "estereótipo" de "movimentos sociais" de cunho pejorativo e antidemocrático, por assim dizer.
No entanto, políticas públicas educacionais, que atualmente nos possibilitam "discutir" fatores sociais, simbólicos, de poder e institucionais, como as questões sobre "raça", "racismo" e "discriminação", servem como instrumentos de ação no combate a todo tipo de "preconceito" a que estão historicamente em conflito e resistência as chamadas "minorias".
A educação, a pesquisa, o diálogo e a capacidade de ver o "diferente" como "normal", "igual", o "Outro" e "estranhar" o seu semelhante no sentido antropológico do termo, é um caminho longo e terno de constituirmos uma participação social eficaz, atuante, "politicamente correta" e que consiga discutir em "pé de igualdade" aos desmandos de um processo histórico que ainda está em construção...

Foto e Texto: Ariana da Silva.
Cartaz: Curso Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça (Google)

terça-feira, 8 de março de 2011

Dia Internacional de Luta da Mulher



No dia internacional de luta das mulheres de um mundo tão diversificado, quero saudar a todas nós, mulheres trabalhadoras.
Trabalhadoras e estudantes.
Trabalhadoras e donas de casa.
Trabalhadoras e mães, avós, tias, madrinhas, irmãs, cunhadas, amigas, agregadas, casadas, solteiras, separadas, divorciadas, concubinas, livres, leves e soltas...
Trabalhadoras e pós graduandas.
Trabalhadoras e chefes de família.
Trabalhadoras e sambistas.
Trabalhadoras e camaradas.
Trabalhadoras e lutadoras.
Trabalhadoras e sonhadoras.
Trabalhadoras e pés no chão.
Trabalhadoras e donas de si.
Trabalhadoras-professoras.
Trabalhadoras e indígenas, amazônidas, quilombolas, urbanas, rurais, pescadoras...
Trabalhadoras e Paraenses, papas-chibé, mulheres "pai dégua"...
Trabalhadoras e Belenenses.
Trabalhadoras e Brasileiras.
A todas nós, MULHERES, um dia para ser lembrado de todos os dias em que nosso amor, suor, lágrimas, sorrisos, força de trabalho e alegria contribuem para que esse país inclua socialmente a quem historicamente esteve excluído. A todas nós, MULHERES, que em nosso cotidiano social, religioso, sexual, ambiental, evolutivo, educacional e de saúde nos tornamos importantes e cada vez mais conquistamos direitos e dignidade, um EXCELENTE DIA, hoje e sempre...
Saudações femininas-feministas!
Abraços!
Ariana da Silva =]


Fotos de Ariana da Silva: Encontro de Mulheres Quilombolas (Acará-Pa); Arrastão do Arraial do Pavulagem (Av. Presidente Vargas); Semana Indígena 2010, Forte do Castelo, Mulheres do Povo Tembé - Pará.

domingo, 6 de março de 2011

Bioantropologia X Antropologia Física: Algumas Diferenças Históricas



A diferença entre a Antropologia Biológica/Bioantropologia e a Antropologia Física está na constituição histórica e metodológica em relação à Antropologia atual. Ainda no século XVIII, o estudo da antropologia esteve baseado em análises morfológicas (antropometria, de medição de corpos humanos) de populações em geral e a característica que predominava no período moldava-se a partir da fisiologia humana, da compreensão compartimentada do Homem (do ser humano), sem a análise do contexto social e do homem inserido em sua cultura. Esse método de abordagem da morfologia humana ficou conhecido como “determinismo biológico”, especialmente em nossa contemporaneidade, com os processos de “eugenia” do século XX, com a conceituação das “raças humanas” que seriam superiores umas às outras, onde a “raça negra” tenderia a sofrer as conseqüências econômicas, sociais, morais, intelectuais e humanas (com a “desumanização dos negros”) em relação à “raça branca”. Particularmente com o avanço do sistema capitalista de produção e períodos de pós-guerra mundiais, os estudos de antropologia física sofreram deturpação substancial sobre os estudos do Homo sapiens sapiens, todavia, o ser humano enquanto um ser biocultural é o “conceito” ou a análise atualmente defendida pela Bioantropologia em sua constituição holística da realidade social humana.
A antropologia biológica compreende o ser humano como uma criatura que, ao mesmo tempo em que passou por períodos de sagas evolutivas há pelo menos sete milhões de anos, esteve em consonância com processos históricos e culturais e que, passando por períodos de adaptação, que começa com o bipedalismo, atravessa a constituição de cérebro grande e complexo, a construção de ferramentas líticas, a descoberta do fogo, a refletância da cor da pele através de migrações partindo de África, a constituição da arte rupestre e, finalmente, a articulação da linguagem humana, até a formação da sociedade complexa de hoje, com novas adaptações climáticas, comportamentais, nutricionais, culturais e evolutivas, processo em constante estado de mudanças e transformações e que tem implicações diversas para a antropologia de maneira ampla.
A Antropologia Biológica ou Bioantropologia é uma ciência que estuda o comportamento humano em seu aspecto geral: estuda os processos evolutivos propriamente ditos, analisando cada período de adaptações ao longo das modificações ambientais do planeta como um todo, particularmente as transformações climáticas e nutricionais, procura compreender a variabilidade das espécies e os estágios de evolução do Homo sapiens sapiens até a constituição de uma anatomia moderna, assim como analisa as relações humanas de saúde e doença, evolução cultural, constituições genéticas, vestígios fósseis e forenses, primatologia, ecologia humana, entre outros.
A implicação da Bioantropologia no contexto mais geral da Antropologia enquanto ciência é a busca da compreensão do homem como um todo, como um ser que faz parte de um sistema complexo que, além de ser social, é biológico, que além de ser anatômico é cultural, que além de ser genético, é humano. A análise da Bioantropologia procura compreender as inúmeras realidades sociais contextualizadas com o ambiente, o meio, a economia, a nutrição de populações (ou dificuldades nutricionais por causa, entre outros fatores, da exclusão social), os processos sócio-ecológicos (da Amazônia e do Brasil), como também procura analisar os aspectos bioculturais do Homem em sociedade, como as relações entre doença e pobreza, entre epidemiologia e mudança comportamental, entre saúde e sociedade, entre endemias e processos culturais (como o HIV, Anemia Falciforme, Pressão Alta, etc.) e os processos de intolerância social com o “Outro”, que é diferente enquanto grupo, porém, igual enquanto ser humano em todos os processos citados anteriormente.
A compreensão da sociedade humana precisa ser realizada a partir de um contexto geral (holístico), que envolve a biologia, a cultura, o comportamento social, hábitos, tradições, ritos, mitos, mudanças físicas e sociais (evoluções), arqueologia, arte, linguagem, gostos, relações de poder, exclusão social, saúde e doença e tantas outras categorias de análise que constituem as áreas de interesse da Antropologia nos quatro campos, por assim dizer.

Texto de Ariana da Silva - Disciplina do Programa de Pós Graduação em Antropologia - PPGA/UFPA: História do Pensamento Antropológico, Dezembro/2010.
Foto feita por Ariana da Silva - Reconstituição facial do fóssil mais antigo das Américas, Luzia, a "primeira brasileira", Museu Nacional do Rio de Janeiro, RJ.