sábado, 29 de setembro de 2007

ECOLOGIA HUMANA: O ANTES E O AGORA


A Evolução detalha com propriedade os caminhos, teorias, experimentos e adaptações com que os organismos (espécies vegetais e animais) sofreram alterações (mutações) ao longo do processo de desenvolvimento da vida no planeta até o surgimento dos humanos nos mais diversos ambientes.
A teoria da evolução de Darwin, entre todas as outras, é a contribuição mais evidente do conhecimento evolutivo (melhoramento genético) de que se tem notícia. De acordo com sua idéia de Seleção Natural (a partir de Darwin), os Neo Darwinistas criaram hipóteses baseadas em experimentos genéticos que datavam o processo evolutivo em milhões de anos de acordo com cada novo achado fóssil, aperfeiçoando o que conhecemos como a “Origem das Espécies” (Darwin, 1859).
A explicação científica sobre as mais diversas formas de adaptabilidade, desde a sobrevivência do mais apto até os mecanismos de seleção (estabilizadora, direcional ou sexual), o gradualismo, o equilíbrio intermitente, o deslocamento de características e a radiação adaptativa, fazem parte de perspectivas evolutivas significativas para as condições e origens humanas.
As metodologias adotadas para tentar esclarecer os comportamentos biológicos, fisiológicos e organizacionais das espécies, registram uma gama de complexidade da reprodução, alimentação, especiação e conseqüente surgimento dos primeiros primatas ancestrais que conhecemos datados de 50 milhões de anos AP, aproximadamente.
A evolução proposta pelos estudiosos a partir dos séculos XVIII E XIX, contém características ainda ocultas, indissolúveis momentaneamente, com pontos e interrogações sem esclarecimentos, o que impulsiona antropólogos, biólogos, naturalistas e diversos profissionais a aprofundarem suas pesquisas para desvendar os mistérios que a ciência tanto questiona: “os elos perdidos” existentes.
O fato do Homo Sapiens ter provavelmente surgido no Leste da África (“Monogênese Africana”), através do que Darwin classificou como: “... um habitante... peludo, quadrúpede e arbóreo em seus hábitos”, ainda hoje é a possibilidade mais aceita entre os pesquisadores, entretanto, novos achados de da espécie Homo Erectus na China (“Hipótese Multiregional”), criam um clima de incerteza na comunidade científica.
Os primatas arbóreos do Paleoceno (símios/”apes”/hominóides), sofreram radiações adaptativas que, ao longo da “Era dos Símios” (de 25 à 6 milhões de anos AP), divergiram em dois grupos distintos: os pongídeos (grupo de gorilas e chimpanzés modernos) e os hominídeos (humanos modernos e ancestrais), o que possibilitou o surgimento da espécie humana, a cerca de 500.000 à 100.000 anos AP.
Se considerarmos as escalas evolutivas em seu valor tempo, verificaremos que a espécie humana é um primata muito recente (o mais antigo ancestral é datado de 4,4 milhões de anos AP) e é provável que ainda estejamos em processo constante de evolução e adaptação humanas: ambientais, biológicas, comportamentais e culturais.
A “linha reta” evolutiva é ramificada por vários pontos de divergência, mas segue quase em uma lógica entre os nossos ancestrais comuns (6 milhões de anos AP), passando, em síntese, por Australopithecus Anamensis, Africanus, Homo Habilis, Erectus, até chegar, finalmente, ao Homo Sapiens (espécie humana atual).
A classificação acima é fruto de um longo processo de evidências fósseis e testagens genéticas que são baseadas em possibilidades reais, contudo, ainda são histórias indefinidas, sem conclusão exata, devido à constante busca por novas evidências e a cada fóssil encontrado, é provável que a escala evolutiva seja modificada e as dúvidas existentes, finalmente respondidas.
A vida humana é absolutamente complexa, pois além das mutações (melhora adaptativa) e das aquisições genéticas e comportamentais, temos também a presença do meio ambiente (amplamente modificado, como no período da Pangea ou da Era Glacial) e o processo de apropriação do que conceituamos como cultura (adquirida e repassada às gerações posteriores) e que se encontra em uma escala rica e diversificada em todos os cantos do planeta.
O ser humano (Homo Sapiens), com sua sabedoria, crânio arredondado, dentes e mandíbulas pequenas e face delicada, conseguiu transformar a natureza com intensidade, modificou a paisagem, tornou-se nômade, descobriu a agricultura, promoveu a caça, inventou ou deparou-se em algum momento com o fogo, desenhou novas tecnologias, diversificou a cultura, espalhou-se por todo o planeta, constituiu famílias, clãs, comunidades, cidades, Estados, Nações e adquiriu direitos políticos e sociais, alimentou-se de forma onívora, proliferou-se, enfrentou tempestades, o frio glacial, a aridez dos desertos, a formação de montanhas e adaptou-se aos mais remotos continentes, até tornar-se, definitivamente, humano.
A antropologia contribui na identificação da evolução humana, buscando sempre o estranhamento de novos fósseis e novas possibilidades de explicação à Origem das Espécies. O “antes” e o “agora”, como diriam KORMONDY e BROWN, sempre estarão em debate entre os pesquisadores. O passado e o presente poderão desvendar nossa vida futura: o equilíbrio ecológico, as guerras, as epidemias, as doenças sociais, as diferenças culturais, novas formulações e até mesmo, o aperfeiçoamento/melhoramento constante da espécie humana.
O Homo Sapiens representa um salto qualitativo na evolução das espécies e nossos ancestrais continuam a ser objeto de estudo a fim de propor idéias inovadoras no foco antropológico.
Desse modo, podemos dizer que, provavelmente, encontraremos muitos elos entre o passado e o presente e a caracterização da espécie humana seguirá uma escala evolutiva em transformação contínua, enriquecendo assim a ciência, a vida, a contemporaneidade, a adaptabilidade e o próprio homem.
A sobrevivência da espécie humana passou por períodos de planejamento, batalhas, modificações ambientais, hereditariedade, crescimento e decréscimo populacionais, fatores geográficos/geológicos e o surgimento de civilizações e sistemas de competições físicas e políticas e hoje, de fato, estamos em um processo constante de conhecimento da humanização: sociológica, biológica, cultural e antropológica, com o intuito da perpetuação do homem pelo homem, pelo meio ambiente (degradado constantemente) e pela possibilidade de uma cultura do fortalecimento e do reconhecimento da espécie humana como um todo, sem fronteiras ou barreiras que possam tornar indigno qualquer indivíduo da ramificação Homo Sapiens.
A Ecologia Humana possibilita um amplo debate acadêmico, pois sua interdisciplinaridade envolve conceitos da natureza, do homem, da cultura, da sociedade e as linhagens modernas e ancestrais dos primatas, cenário cativante e favorável à pesquisa que pretendemos: antropológicas, ecológicas, sociais e humanas, a fim de delimitar, através da ciência e do conhecimento, hipóteses e interpretações de culturas e comportamentos sociais em constante evolução.
Resenha apresentada por Ariana da Silva no Curso de Mestrado em Antropologia (UFPA), disciplina: Tópicos Temáticos: Ecologia Humana, Sustentabilidade e Globalização, Setembro/2007.

Um comentário:

amormorto disse...

o ser humano talvez nunca venha a se tocar que faz parte do meio ambiente, talvez quando tudo estiver desaparecido e aí o medo de também desaparecer apenas o apavore, mas vai passar e ai quem vai desaparecer é ele.