sábado, 29 de setembro de 2007

CONCEITOS BÁSICOS EM ECOLOGIA

A Ecologia Humana explica a investigação científica sobre temas, como: Ecologia – “o estudo da casa”, “corpo científico em sua relação com a economia da natureza” (Haeckel), além de outros conceitos, que são: ecossistema – “... todo o sistema físico que forma o meio ambiente” (Tansley); os sistemas – dois ou mais componentes que interagem (ou não) com o meio ambiente; produtores autótrofos (grupos clorofilados), consumidores heterótrofos (herbívoros – “comedores de plantas”, carnívoros – “comedores de carne” e onívoros – “comedores de tudo”) e decompositores heterótrofos (fungos e bactérias), que através da energia solar, do fluxo enérgico e ciclagem de nutrientes, compõem o que conhecemos como a organização dos ecossistemas.
Através de seus nichos (papéis ecológicos) e do seu hábitat (lugar de execução), os ecossistemas produzem espécies variadas (indivíduos), formando populações e comunidades dentro do bioma (sistemas complexos de ecossistemas). No tempo e no espaço os ciclos se reproduzem e a vida biológica do planeta permanece.
A rede alimentar desses sistemas cíclicos é produtora e consumidora de energia, capaz de reciclar nutrientes e de transformar os movimentos fotossintéticos de energia radiante para energia química. A natureza humana – e vegetal – torna-se, dessa forma, estruturada em conjunto de particularidades que compõem a ecosfera (biosfera), que estão interconectadas e interligados através dos ciclos e do feedback homeostático de auto-regulação composta pelos ecossistemas que são discutidos pela ciência da ecologia.
Atualmente o termo ecologia possui variadas formas de interpretação, entretanto, o que entendemos como ecologia propriamente dita, está relacionada ao estado do Ecos: dos ecossistemas, dos sistemas naturais e humanos, portanto, culturais, dos ciclos e cadeias alimentares e, além disso, de compreensão do meio ambiente, através de reconhecidos papéis, lugares, comunidades e vertentes ecológicas (conservacionistas, preservacionistas ou mesmo, via desenvolvimento sustentável).
As variadas populações (espécies vegetais e animais, incluindo o homem), possuem características e comportamentos que estão intimamente relacionadas à adaptabilidade ambiental que as cercam: dos trópicos ao ártico, todos os seres vivos absorveram dinâmicas e fluxos de energia e sobrevivência de maneira funcional: morfologicamente, fisiologicamente e socialmente, capturando recursos alimentares e constituindo culturas de forma diversificada.
O meio ambiente e seus respectivos ecossistemas foram os fatores aglutinadores e delimitadores da atividade humana (e ecológica) durante todo o processo produtivos dos primatas até os dias atuais e a ecologia como ciência inovadora, comporta conceitos que nos permitem discussões a respeito de variados temas, assim como: natureza, espécies, funções ecossistêmicas, estruturas, organização, energia, elementos bióticos/abióticos, comunidades ecológicas e inúmeros outros conceitos que englobam o estudo da morada (da casa), da nossa casa, da nossa sociedade e do nosso planeta Terra.
O homem em contato com a ecologia e a regularidade dos ciclos de sobrevivência, trilhou caminhos extraordinários de transformação da natureza: humana e natural e através da constituição de uma cultura ecológica, foi capaz de apropriar-se do meio ambiente e dos seus componentes orgânicos e inorgânicos, sendo eficaz na produção de conhecimento e controle dos organismos vivos e não-vivos de maneira significativa.
A observação, experimentação e compreensão dos sistemas vivos e respectivas adaptabilidades, possibilitaram ao ser humano a detenção de fatores de reprodução, amadurecimento e dispersão espacial e temporal dos ecossistemas e as definições conceituais sobre a natureza e seus elementos transformadores, facilitou o processo de humanização da ecologia, onde o homem é seu maior predador e, consequentemente, possui a capacidade de moldá-las de acordo com suas necessidades mais urgentes.
À medida que o homem se apropria da natureza, cria ciclos cada vez mais complexos: o advento da agricultura, da fábrica, das disputas sociais, da demarcação de terras (ribeirinhos, indígenas e etc.), da criação de leis, da luta pela reforma agrária e por direitos sociais, da concretização de uma cultura e valorização de raízes étnicas, éticas e humanas, são atitudes que cercam a ciência ecológica e que compõem o pano de fundo para as Ong’s, partidos políticos, representações sindicais, “tsunamis sociais” contra o aquecimento global (efeito estufa), capitalistas e defensores da natureza, em um emaranhado rico e conflitante em busca de soluções para os problemas de degradação do meio ambiente, da cultura, da sociedade e do ser humano.
Todos esses temas são incansavelmente estudados pela antropologia que, através dessa gigantesca conectividade, o homem faz parte e é integrante da natureza, um ator social com inteligência suficiente para transmutar valores e tratar a natureza como ela de fato merece ser tratada, com respeito e equilíbrio e é o que devemos construir: um ser humano “humanizado”, sensível e “ecologicamente correto”, capaz de compreender o ecossistema de uma lagoa e seu próprio ecossistema.

Resenha apresentada por Ariana da Silva no Curso de Mestrado em Antropologia (UFPA), disciplina Tópicos Temáticos: Ecologia Humana, Sustentabilidade e Globalização, Setembro/2007.

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