domingo, 4 de abril de 2010

Proteção de Saberes da Floresta


(Morada Ribeirinha - Foto Arquivo Pessoal)
Os aspectos ambientais e a organização social da Amazônia precisam ser compreendidos e respeitados pelo Estado, pela Sociedade Civil, pelas ONG’s e interpretados pela Academia, fortalecendo a percepção da necessidade de “proteção de saberes” das populações e da cultura diversificada da Floresta Amazônica, que são medidas urgentes de perpetuação das espécies: fauna, flora e da natureza humana de um modo geral. São aspectos necessários para a compreensão da realidade social local a percepção, apreensão e compreensão da sustentabilidade vivenciada pelos povos tradicionais da Região Amazônica, fatores intrínsecos à sobrevivência não apenas da biodiversidade, como também da cultura milenar de populações que chegaram muito antes de nós em solo nacional, como os indígenas, que merecem plenos direitos e reconhecimentos sobre a floresta, sobre o lugar – no sentido de pertencimento – e sobre as memórias que demarcam a sua identidade e etnicidade características.
Existe uma complexidade que envolve os saberes das populações amazônicas, que possuem organização social, cultura e idéias peculiares sobre o meio ambiente, especialmente no que concerne ao "modelo" de suas práticas sociais cotidianas, como o manejo da floresta, a roça, o tempo de colheita, o respeito à natureza, o uso de plantas medicinais, o cenário ribeirinho, etc, entre inúmeras formas de sustentabilidades naturalizadas em uma espécie de "pedagodia do cotidiano", como diria Ivanilde Apoluceno (OLIVEIRA, 2008).
Os campos das discussões da questão ambiental e as propostas de “colonização” do conhecimento da floresta amazônica são temas que necessitam de uma tradução local, de uma interpretação cultural, que através de sistemas simbólicos são significados a partir de idéias de compreensão da realidade que historicamente representam o mundo, a construção de sentidos e a disposição social de comunidades sob variadas vertentes, carregadas de práticas sociais que formam recortes em relação a identidades sociais e culturais dessas populações.
A questão ambiental envolve correntes teórico-metodológicas sobre o Meio Ambiente que transitam por conceitos desde os Conservacionistas Puros até os modernos defensores do Desenvolvimento Sustentável e certamente absorvemos, através de nossa cultura, o pensamento que é utilizado na Escola, na Comunidade, na Família, na Igreja e no Estado. O que movia o pensamento da década de 70, era a veia do desenvolvimentismo: o chamado “Milagre Brasileiro”, que via a natureza como um verdadeiro entrave ao pleno “progresso” da sociedade brasileira. Diante desse panorama sócio-político, a natureza foi “moldada” de acordo com o viés da ciência positivista e ainda hoje sentimos o reflexo direto da informação desencontrada sobre o Meio Ambiente, a Sociedade e a Relação do Homem com a Natureza Mundializada, que clama por melhores condições de vida e de humanidade entre todos a fim de construir a possibilidade de proteção dos saberes da floresta, dos mitos, ritos, cotidianos sociais diferenciados e, principalmente, a proteção dos saberes intelectuais dos ribeirinhos, indígenas, quilombolas, castanheiros, seringueiros e demais sujeitos sociais da Amazônia, que historicamente perpetuaram - e perpetuam - a verdadeira "sustentabilidade" da qual necessitam...

OLIVEIRA, Ivanilde Apoluceno de. Trabalho, saberes, identidades e tradições nas comunidades rurais. In: Cartografias ribeirinhas: saberes e representações sobre práticas sociais cotidianas de alfabetizandos amazônidas. 2.ed. Belém, 2008.

Texto: Ariana da Silva


(Criança ribeirinha pescando - Foto Arquivo Pessoal)

2 comentários:

Fabio José Cardias-Gomes disse...

da hora as fotos e o assunto, tuas fotos? bjs fabio

Unknown disse...

Sim, minhas fotos... Da época do FSM, de Cotijuba.
By Ariana.
;)