O homem e o ambiente amazônicos estão ameaçados, assim como sua complexa biodiversidade, que tem sofrido uma acelerada degradação ambiental e humana, alargando o processo de desequilíbrio ecológico e as desigualdades sociais da região.
A sociedade contemporânea (tradicional e conservadora) estigmatizou a Amazônia – que possui uma área legal de aproximadamente um milhão de quilômetros quadrados –, como de natureza homogênea, descaracterizando e excluindo suas populações nativas e seu caráter de ambiente físico e humano que por si só, é heterogêneo e sua diversidade reflete sua condição.
A complexidade da Região Amazônica e sua variabilidade ambiental, através de processos históricos, como: contato interétnico, missões ecumênicas e intervenções estatais, entre outros, moldaram uma estrutura populacional diferenciada, sendo que desde o século XVI, quando os europeus começaram o processo de dizimação das sociedades indígenas, com o advento de epidemias e extermínios indiscriminados – primeiro na várzea e segundo, em terra firme – (século XVIII) –, deterioraram a vasta quantidade de indígenas que ocupavam as margens dos rios ao longo dos séculos.
A mão-de-obra indígena durante a era da borracha (século XIX), perdeu relevância econômica na extração do látex e os índios foram expulsos de suas terras violentamente, passando da condição de escravos a indolentes. Dados informam que atualmente sobrevivem no Brasil cerca de 230 mil indígenas, sendo que 60% deles estão localizados na Região Amazônica (RIBEIRO, Darcy. 1970). Mesmo assim, a adaptação dessas populações sobrevive aos mais conturbados períodos e métodos desumanos de expropriação.
Compreender e caracterizar o processo de interação entre o homem/ambiente físico são, entre outros, objetivos da ecologia humana, que entende como adaptação humana critérios que englobam desde seu meio ambiente físico propriamente dito, até seus períodos históricos, envolvimentos sociais, conotação políticas e condições econômicas, que fazem parte de um conjunto de adaptabilidades que são correlatos, estabelecendo, além disso, fatores que envolvem também a plasticidade biológica e cultural do homem, que é capaz de moldar-se a uma diversidade excepcional de variações climáticas: quentes ou úmidas, secas ou desérticas, sendo que, as adequações e as relações de uso e conservação do meio ambiente físico e critérios de utilização de recursos naturais, sempre foram relações imperfeitas, onde os processos de adaptação, reprodução, modificação genética e uso racional/manejo florestal, são etapas de sua adaptabilidade.
Como vimos a adaptação envolve tempo e interação, além do indivíduo, do grupo doméstico, da sociedade e da espécie, sendo compreendidas em um nível específico. A ecologia humana – interdisciplinar e multidisciplinar – absorve o entendimento do comportamento adaptativo em suas formas físicas, políticas, sociais e econômicas, com etapas de adaptabilidade e não-adaptabilidade. Determinados indivíduos em sociedade criam organismos desiguais de competição e exploração entre os grupos, todavia, os mitos e crenças – heranças rituais de nossas origens – criam obrigações de cooperação que ultrapassam os limites da fome e de outros processos de extremidades sociais.
Segundo o autor (MORÁN, 1990), somos produtos de nossa história cultural e política e a cada dia enfrentamos dificuldades adaptativas na sociedade moderna contemporânea.
O distanciamento do homem e do seu ambiente físico, o consumismo influenciado pela mídia, a ideologia de um mercado que atrai sistemas de distribuição de renda desiguais, a imposição de valores urbano-industriais em detrimento de valores econômicos e culturais das áreas rurais e a maximização do individualismo constroem mecanismos que aceleram demasiadamente os baixos níveis salariais e de saúde, alargam os abismos sociais e deterioram a sociedade.
A cultura de populações amazônicas e suas experiências históricas levam a ecologia humana a um enfoque: como preservar a natureza (Amazônica e em geral) sem, necessariamente, deteriorá-la ou modificá-la de maneira contundente?
O estudo do ecossistema é definido como as espécies que vivem num ambiente físico e abiótico e as relações funcionais e estruturais que existem entre elas e em última análise, é o contexto geral onde ocorre a adaptação humana. Tais processos envolvem mudanças (difusão cultural), variações valorativas, resistências biológicas habitacionais (mobilidade/sedentarismo), processos epidemiológicos e nutricionais e dependência – ou não – da sociedade nacional através de descaracterização dos costumes locais.
Apesar disso, autores como Chagnom (perspectiva sócio-biológica) e Marvin Harris (teoria do materialismo cultural) não observaram a interação entre o homem e o ambiente físico como elemento fundamental das relações materiais, que é o comportamento humano em toda a sua variabilidade, objeto de estudo da ecologia humana, que compreende que o ambiente de um indivíduo ou de uma população inclui um conjunto de pressões materiais físicas, humanas e sociais e que, sem dúvida, a Amazônia é um dos caminhos à reconceitualização da pesquisa sobre as relações homem/ambiente, retirando o rótulo de natureza homogênea, valorizando suas raízes culturais, sua adaptabilidade diversificada, o conhecimento do ambiente físico de que fazem parte e sua riqueza heterogênea de valores, tradições, saberes e possibilidades de manejo sustentável.
A Amazônia é a região mais cobiçada do planeta por sua indiscutível diversidade biológica e ambiental, contudo, sem que possamos compreender os processos do comportamento humano de suas populações e adaptabilidades, através da ecologia humana e de suas antropologias (ecológica, social e cultural), tenderemos a observá-la de forma imparcial e recairemos no erro científico de determinismos que não envolvem sua relação total de interação entre o homem e o ambiente físico e suas inúmeras interpretações.
A valorização cultural dos povos da floresta e suas resistências e experiências históricas de adaptações aos mais distintos processos de expropriação pelos mecanismos positivistas, são caminhos que devemos tomar como pistas (hipóteses) científicas eficazes na manutenção da interação entre o homem e o meio ambiente, a fim de proporcionar modelos ecossistêmicos equilibrados, formas de exploração racional (manejo/extrativismo natural) e conhecimento popular (empírico), que possa transmitir à ciência novas maneiras de observar a realidade local do grupo, da comunidade, das populações e do indivíduo, além da reestruturação de saberes que identificam o homem em relação ao seu habitat e à sua cultura local, facilitando a compreensão da interação ampla em sua diversidade e ocupando a floresta de forma racional.
A sociedade contemporânea (tradicional e conservadora) estigmatizou a Amazônia – que possui uma área legal de aproximadamente um milhão de quilômetros quadrados –, como de natureza homogênea, descaracterizando e excluindo suas populações nativas e seu caráter de ambiente físico e humano que por si só, é heterogêneo e sua diversidade reflete sua condição.
A complexidade da Região Amazônica e sua variabilidade ambiental, através de processos históricos, como: contato interétnico, missões ecumênicas e intervenções estatais, entre outros, moldaram uma estrutura populacional diferenciada, sendo que desde o século XVI, quando os europeus começaram o processo de dizimação das sociedades indígenas, com o advento de epidemias e extermínios indiscriminados – primeiro na várzea e segundo, em terra firme – (século XVIII) –, deterioraram a vasta quantidade de indígenas que ocupavam as margens dos rios ao longo dos séculos.
A mão-de-obra indígena durante a era da borracha (século XIX), perdeu relevância econômica na extração do látex e os índios foram expulsos de suas terras violentamente, passando da condição de escravos a indolentes. Dados informam que atualmente sobrevivem no Brasil cerca de 230 mil indígenas, sendo que 60% deles estão localizados na Região Amazônica (RIBEIRO, Darcy. 1970). Mesmo assim, a adaptação dessas populações sobrevive aos mais conturbados períodos e métodos desumanos de expropriação.
Compreender e caracterizar o processo de interação entre o homem/ambiente físico são, entre outros, objetivos da ecologia humana, que entende como adaptação humana critérios que englobam desde seu meio ambiente físico propriamente dito, até seus períodos históricos, envolvimentos sociais, conotação políticas e condições econômicas, que fazem parte de um conjunto de adaptabilidades que são correlatos, estabelecendo, além disso, fatores que envolvem também a plasticidade biológica e cultural do homem, que é capaz de moldar-se a uma diversidade excepcional de variações climáticas: quentes ou úmidas, secas ou desérticas, sendo que, as adequações e as relações de uso e conservação do meio ambiente físico e critérios de utilização de recursos naturais, sempre foram relações imperfeitas, onde os processos de adaptação, reprodução, modificação genética e uso racional/manejo florestal, são etapas de sua adaptabilidade.
Como vimos a adaptação envolve tempo e interação, além do indivíduo, do grupo doméstico, da sociedade e da espécie, sendo compreendidas em um nível específico. A ecologia humana – interdisciplinar e multidisciplinar – absorve o entendimento do comportamento adaptativo em suas formas físicas, políticas, sociais e econômicas, com etapas de adaptabilidade e não-adaptabilidade. Determinados indivíduos em sociedade criam organismos desiguais de competição e exploração entre os grupos, todavia, os mitos e crenças – heranças rituais de nossas origens – criam obrigações de cooperação que ultrapassam os limites da fome e de outros processos de extremidades sociais.
Segundo o autor (MORÁN, 1990), somos produtos de nossa história cultural e política e a cada dia enfrentamos dificuldades adaptativas na sociedade moderna contemporânea.
O distanciamento do homem e do seu ambiente físico, o consumismo influenciado pela mídia, a ideologia de um mercado que atrai sistemas de distribuição de renda desiguais, a imposição de valores urbano-industriais em detrimento de valores econômicos e culturais das áreas rurais e a maximização do individualismo constroem mecanismos que aceleram demasiadamente os baixos níveis salariais e de saúde, alargam os abismos sociais e deterioram a sociedade.
A cultura de populações amazônicas e suas experiências históricas levam a ecologia humana a um enfoque: como preservar a natureza (Amazônica e em geral) sem, necessariamente, deteriorá-la ou modificá-la de maneira contundente?
O estudo do ecossistema é definido como as espécies que vivem num ambiente físico e abiótico e as relações funcionais e estruturais que existem entre elas e em última análise, é o contexto geral onde ocorre a adaptação humana. Tais processos envolvem mudanças (difusão cultural), variações valorativas, resistências biológicas habitacionais (mobilidade/sedentarismo), processos epidemiológicos e nutricionais e dependência – ou não – da sociedade nacional através de descaracterização dos costumes locais.
Apesar disso, autores como Chagnom (perspectiva sócio-biológica) e Marvin Harris (teoria do materialismo cultural) não observaram a interação entre o homem e o ambiente físico como elemento fundamental das relações materiais, que é o comportamento humano em toda a sua variabilidade, objeto de estudo da ecologia humana, que compreende que o ambiente de um indivíduo ou de uma população inclui um conjunto de pressões materiais físicas, humanas e sociais e que, sem dúvida, a Amazônia é um dos caminhos à reconceitualização da pesquisa sobre as relações homem/ambiente, retirando o rótulo de natureza homogênea, valorizando suas raízes culturais, sua adaptabilidade diversificada, o conhecimento do ambiente físico de que fazem parte e sua riqueza heterogênea de valores, tradições, saberes e possibilidades de manejo sustentável.
A Amazônia é a região mais cobiçada do planeta por sua indiscutível diversidade biológica e ambiental, contudo, sem que possamos compreender os processos do comportamento humano de suas populações e adaptabilidades, através da ecologia humana e de suas antropologias (ecológica, social e cultural), tenderemos a observá-la de forma imparcial e recairemos no erro científico de determinismos que não envolvem sua relação total de interação entre o homem e o ambiente físico e suas inúmeras interpretações.
A valorização cultural dos povos da floresta e suas resistências e experiências históricas de adaptações aos mais distintos processos de expropriação pelos mecanismos positivistas, são caminhos que devemos tomar como pistas (hipóteses) científicas eficazes na manutenção da interação entre o homem e o meio ambiente, a fim de proporcionar modelos ecossistêmicos equilibrados, formas de exploração racional (manejo/extrativismo natural) e conhecimento popular (empírico), que possa transmitir à ciência novas maneiras de observar a realidade local do grupo, da comunidade, das populações e do indivíduo, além da reestruturação de saberes que identificam o homem em relação ao seu habitat e à sua cultura local, facilitando a compreensão da interação ampla em sua diversidade e ocupando a floresta de forma racional.
Resumo apresentado por Ariana da Silva na disciplina: Ecologia Humana, Sustentabilidade e Globalização", Mestrado em antropologia, UFPA.
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