segunda-feira, 20 de setembro de 2010

VI Encontro de Mulheres Negras Quilombolas do Estado do Pará de 2010: “Meu corpo, meu território sagrado” – Itacuã-Miri – Acará


O VI Encontro de Mulheres Negras Quilombolas do Estado do Pará do ano de 2010, ocorrido de 12 a 15 de agosto, aconteceu no Município do Acará, na Comunidade Quilombola de Itacuã-Miri, cerca de uma hora e meia de Belém em viagem de ônibus interestadual.
O Encontro reuniu em torno de 400 mulheres quilombolas de vários municípios paraenses e contou também com a participação de mulheres convidadas advindas de Estados do Sul e do Sudeste brasileiros. Entre os organizadores estavam o CEDENPA (Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará), o IMUNE (Instituto Mulheres Negras), o FULANAS Regional Amapá (Articulação de Mulheres Negras da Amazônia Brasileira), entre outros Órgãos e Entidades Governamentais e Não-Governamentais. A organização garantiu alimentação e hospedagem a todas as mulheres que respectivamente representavam Associações, Sindicatos, Comunidades de Remanescentes Quilombolas, Grupos Religiosos, Movimentos de Trabalhadoras Rurais, ONG’s, Setores de Saúde, pesquisadoras em trabalho de campo antropológico e outras categorias sociais, que durante o período da tarde do primeiro dia do Encontro, após o credenciamento, puderam receber uma “sessão de feminilidade” com o “Limpa Corpo” (com as meninas, adolescentes e mulheres trançadeiras) como também sessões de manicure e pedicure com unhas decorativas, especialidades das mulheres trançadeiras de Itacuã-Miri com acesso gratuito a todas as participantes.

A temática “Meu Corpo, Meu Território Sagrado” do VI Encontro de Mulheres Negras Quilombolas do Pará embalou os quatro dias de discussões que culminaram em diversos questionamentos e trocas de idéias entre as mulheres que estavam presentes no “território sagrado do quilombo”, no qual abordavam temas como o Corpo, a Saúde, o Respeito pelo Outro e sobre si mesmas, a Liberdade Intelectual e Sexual, Plantas e Ervas da Etnomedicina e, principalmente, a importância da Mobilização Política de Mulheres no processo de incorporação da luta social pela inclusão.

O Corpo é história, história de exploração e é capaz de expressar muitas metáforas da vida coletiva, atuando como o campo das performances visuais do self simbólico que emana do próprio corpo histórico. A diáspora Africana hoje e no processo de Descolonização, trás um pedaço do Continente para o Brasil e, nesse sentido, é preciso que o país consiga compreender que as negras os e os negros são o resultado dessa dispersão e que, à medida que o movimento político e social busca em seu discurso configurar a sua prática da liberdade, o Corpo engloba, por assim dizer, a liberdade dos corpos em constante movimento, onde o Canto, a Música e o Ritual ditam o ritmo libertador e são resultados desse processo ancestral, que na linguagem corporal são as “falas” no universo simbólico da cultura de Matriz Africana que busca romper com as barreiras sociais construídas pelo Capitalismo e pela “cultura do branco”.
O Corpo é um espaço de memória, de história, um espaço que eu tenho que prezar, dele depende a minha vida e a continuação de minha história. A responsabilidade do Corpo é minha, o reconhecimento de ancestralidade e por minha relação étnica, racial, histórica. Meu Corpo não está sozinho, porque ele carrega uma história, uma história de exploração e de opressão e a atitude de estar aqui, “de corpo presente”, trás a possibilidade de reescrever a história. O Estado Brasileiro precisa efetivar políticas públicas e afirmativas para que o Corpo, o território sagrado da liberdade, possa seguir no caminho da resistência sócio-política de mulheres que compreendem o seu Corpo e a sua trajetória social e o VI Encontro de Mulheres Negras é um passo no limiar dessa caminhada.

Por: Ariana da Silva - Itacuã-Miri (Pa), Agosto/2010.

Um comentário:

Turismo Étnico disse...

Gostaria de solicitar o apoio de todos na divulgação do evento de lançamento do Programa de Turismo Empresárial Afro Brasileiro Sustentável e do Curso Técnico de Cabelos Afros e Desing de Tranças o primeiro oficial após a inclusão das artesãs capilares e cabeleireiros afros na Classificação Brasileira de Ocupação do Ministério do Trabalho e Emprego, que será realizado na Feira Look Hair que acontece de 11 á 13 de Junho na cidade de Belém do Pará.
www.lookhair.com.br

Dentre as nossas atrações estaremos apresentando um supoer show artistico de beleza negra denominado " Etnic Hair Beauty ", e um workshop técnico de Produção de Cabelos e design de tranças estilizadas.

Além disto vamos estar apresentando o Proposta de Turismo Étnico Afro Brasileiro da cidade de Belém do Pará, idealizada pela Associação Nacional do Turismo Afro Brasileiro - ANTAB.

Gostariamos de contar com a presença de todos em nosso estande, que estará aberto e a disposição de todos que lutam pelo reconheciemnto e pela valorização do empreendedorismo, da cultura e do turismo como fonte de geração de emprego e renda.

* Em anexo foto de Eliana da Silva - Embaixadora do Turismo Étnico Afro Brasileiro no Brasil

Atenciosamente,


Francisco Henrique Silvino
Presidente da ANTAB
(11) 7393-1577
www.antab.com.br